Luanda Smooth and Rave 2

O casarão do Solar do Unhão, em Salvador, é uma construção histórica, colonial, desses de janelas enormes e paredes grossas. Ele fica em frente do mar, olhando para a Bahia de Todos os Santos. Já foi um engenho e hoje é o Museu de Arte Moderna da Bahia.

É lá dentro desse casarão que estão reunidas 15 obras de 13 artistas contemporânos angolanos que fazem parte da exposição Luanda Suave e Frenética 2. O salão está pouco iluminado para dar atenção mesmo ao que interessa. Os holofotes de teatro mostram telas, fotografias pequeninas e enormes, vídeos do passado, do futuro, pinturas e instalações. Todo aquele ambiente e todas aquelas informações impecavelmente apresentadas ao público contradizem os estereótipos que se têm de África. As referências ao tribal, ao primitivo onde estão? Foram devoradas, reinterpretadas, atualizadas, transformadas.

O carnaval tornou-se branco e preto, foi para o estúdio e virou um enorme Mossorongo, do artista plástico Kiluanji, que estava em Salvador para a inauguração da exposição. As ruas suaves e frenéticas de Luanda aparecem em 24 vídeos por 24 horas no trabalho de Jorge Palma. Um enorme painel transparente e colorido  iluminado pela frente e por trás faz a imagem de personalidades, anônimos, animais, frases e o que mais serviu de inspiração ao artista Yonamine, que também estava em Salvador, passear suavemente pelas paredes vizinhas.

As obras falam da guerra, da loucura, da plasticidade, da paz, do futuro, da sanidade, do presente, da África feita pelos africanos e contada pelos africanos. Mas sobre arte não dá para ficar assim falando, explicando, sem ver. Vale apenas falar que tudo aquilo tá lindo demais e faz todo mundo que entra lá naquele casarão sair refletindo.

Em novembro, Salvador já havia recebido a exposição Luanda Suave e Frenética 1 As duas foram organizadas pela Fundação Sindika Dokolo, de Luanda, e pela Diretoria de Museus do Governo do Estado da Bahia. Aqui tem mais informações sobre a mostra.